Depois de um grande começo do The Famous Fest, o segundo e último dia não podia ficar atrás. Assim, e como não gostamos de deixar o trabalho a meio, foi de bom grado que voltamos à LX Factory, em Lisboa, no passado sábado, para assistir ao grande desfecho deste festival.
Para começar bem, Vasco Palmeirim e Nuno Markl juntaram-se para o intitulado "Top Genius" com sucessos dos anos 1980 e os seus guilty pleasures numa versão musical de comédia que só eles conseguem fazer e que, para nós, foi a melhor da noite. Como aviso de precaução ouviu-se o seguinte: "Se tem problemas de epilepsia, não se preocupe, não vai acontecer nada! E desligue o seu telemóvel, a menos que tenha um Nokia 3310, porque nesse caso damos os nossos parabéns!".
E como o antigamente estava na ordem do dia, os encontros junto da bola Nivea na praia foram os primeiros a ser debatidos nesta noite, passando depois à apresentação dos projetos Bananja e Melango, com Palmeirim a questionar-se como seria uma combinação de côco e anona. Escusado seja dizer que após algum processamento mental, as gargalhadas surgiram com naturalidade.
Depois, com Palmeirim prestes a tornar-se pai, era mais do que previsível que o tópico infantil viesse à ribalta. Contudo, foi Markl quem primeiro falou da sua preocupação com a herança genética: "Espero que ele não herde o meu nariz! Todo o dia eu faço como se ele fosse um bonsai e fico a amolgar para que ele não cresça mais. Por isso, temo que ele só herde mer**! Porque fora o nariz, só a rinite e a sinosite", desabafava para a gargalhada geral, brindando-nos em seguida com o clássico "Ebony and Ivory", na sua versão "Sinosite e a Rinite" onde estas 'vivem juntas em grande harmonia, lado a lado nas fossas nasais, é demais, que alergia!'.
$$gallery$$Temas como o clássico 'Top Gun', imortalizado com a faixa "Take My Breathe Away", dos Berlin, foi interpretada à sua maneira onde a conclusão "era deveras gay" e a idade surgia novamente como um assunto preocupante para Nuno Markl: "Na altura, quando diziam que a avó me ouvia na rádio, eu ficava contente! Hoje eu penso: 'Que idade tem a tua avó? E a resposta é 44. Ah, só mais dois do que eu...".
E não pensem que o emblemático Fizz de limão ficou de fora dos tópicos de conversa, pois tivemos direito a ouvir "A Lenda do El Fizz de Limão", onde a venda nos pinhais deixou Vasco Palmeirim recetivo: "Se eu ouvisse esse ti nó ni da carrinha de gelados num pinhal, fugia dali para fora!", declarava para mais um riso geral do público quando as bochechas já doíam com esta versão de "El Rei D.Sebastião" de José Cid.
E se houve alguém que não escapou à conversa, oi José Cid, tendo até direito a uma caricatura dos seus inícios de carreira e da sua imagem atual. Outras histórias de vida também nos levaram ao riso, e claro que não faltou o 'ups' quando Markl convidou o mesmo para colaborar consigo em "A Lenda do El Fizz de Limão" e a resposta foi: "Essa é intocável!", referindo-se obviamente ao seu original quando, para seu azar, o comediante já tinha emitido a sua versão na rádio.
O acesso à pornografia e os dilemas da carta de condução foram os últimos a ser falados nesta sessão de humor, sendo que a inexperiência de ambos foi alvo de gargalhadas: "Ele sabe tudo, mas só sabe conduzir à distância!", comentava Markl sobre Palmeirim, tendo sido de seguida enxovalhado pela sua condução e tentativas de superar o exame da mesma.
Chegados ao fim, repletos de aplausos, Vasco Palmeirim ainda deu o ar de sua graça com um pedido final: "Vá, continuem a bater palmas até a gente sair do palco".
Em seguida tivemos acesso aos 'Boleros Sinceros' com Manuel João Vieira e seus convidados, Gisela João e Filipe Melo. Ainda assim, apesar de ser um espetáculo pago como todos os outros, e com um preço mais elevado do que alguns, as vendas constataram-se baixas, passando de uma sessão paga para gratuita.
Contudo, nem a oferta fez os espectadores permanecerem na sala, tendo nós assistido a várias desistências ao longo do espetáculo, onde nem a voz poderosa de Gisela João os fez retornar. Boleros sinceros, de facto, com qualidade musical também, mas não apelativos para esta noite.
Por fim, chegámos ao espetáculo mais esperado, com lotação esgotada há já algum tempo. 'Uma nêspera no cu" foi protagonizado por Bruno Nogueira, Nuno Markl e Filipe Melo es levou-nos numa viagem sobre os dilemas mais insólitos de sempre, onde apenas uma opção era possível.
Começando com um aviso sobre a linguagem utilizada, rapidamente foi apresentado o primeiro dilema sobre a menstruação masculina, sendo que a dificuldade era saber se o penso higiénico se colocaria na dianteira ou à retaguarda. Para Nuno Markl, a opção foi fácil: "Parece-me demasiado trabalho, se ele podia sair pelo cu!".
E depois de mais um dilema exposto, eis que a primeira convidada de honra chega a palco: Teresa Guilherme. Mas se pensam que a apresentadora de televisão se acanhou, desenganem-se. Teresa Guilherme tramou os três comediantes com opções entre um reality show pessoal com relatos da Maya ou escravidão sexual para com uma idosa de 85 anos enquanto se canta o "Pintinho Piu" com rampa direta para os jornais nacionais.
Uma outra presença em palco foi a de Guilherme Leite, tendo este exposto o gozo de que foi alvo nas campanhas contra contagens da EDP, e propondo um novo nome para o projeto: "Um Melão no cu", uma vez que nem estamos na época das nêsperas.
Demais dilemas, como ter 'cara de cu' ou ter aparência normal enquanto as competências da boca e rabo se invertem, foram expostos para o riso dos demais, sendo que, ainda assim, o espetáculo terá ficado aquém das expectativas com momentos mais mortos e banais, sem graça. Porém, foi, sem dúvida, uma boa forma de se terminar a noite.
Deste modo resta-nos apenas aplaudir a iniciativa e esperar por mais para o ano. E numa próxima incluam cirurgias plásticas no preço do bilhete, porque não há pele que resista a tanto riso.
Fotografia: Ana Castro
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