Assim não vale! Muitas das intervenções com mais piada, as de Filomena Cautela na Green Room, acabaram por não ser transmitidas na primeira semifinal de terça-feira, tendo sido substituídas, em casa, por compromissos publicitários. Na segunda semifinal, esta noite, se tudo correr como o previsto e não for preciso encher chouriços, como aconteceu no ensaio da segunda semifinal, esta quarta-feira, vai provavelmente suceder o mesmo.
Ao contrário do primeiro, o segundo dia já não correu tão bem. Problemas técnicos impediram o representante da Suécia, Benjamin Ingrosso, intérprete de “Dance You Off”, de fazer a sua atuação, tendo Filomena Cautela de entrar em campo para garantir que os (muitos) técnicos em palco conseguissem resolver o problema. Em vão. Seguiu-se, então, a atuação do Montenegro, obrigando o sueco a só conseguir cantar no fim.
Este foi também o dia em que três dos artistas dos países automaticamente apurados, França, Itália e Alemanha, gravaram a atuação que vai ser mostrada no fim da semifinal desta quinta-feira, mas também aqui a coisa não correu bem. Ao contrário dos franceses Madame Monsieur, que se apresentaram seguros e irrepreensíveis com “Mercy”, os italianos Ermal Meta e Fabrizio Moro e o alemão Michael Schulte falharam parte da letra.
Ainda assim, estamos, na minha opinião, perante três das atuações mais fortes da final de sábado. Todas elas estão no meu top 10, que passou a ter, desde hoje, um novo inquilino: o rock enérgico e despretensioso do grupo AWS da Hungria, muito aplaudido pelos jornalistas, bloggers e fãs presentes na Altice Arena. “Somos só uns rapazes de Budapeste”, disseram-me eles. Eu digo que eles já estão na final.
As raparigas divertidas que estão a dar tudo por tudo
A partir do momento em que foram conhecidas todas as canções a concurso no Festival Eurovisão da Canção de 2018, houve uma balada que despertou de imediato a minha atenção: “Funny Girl”, de Laura Rizzotto. Pouco depois, tentei entrevistá-la mas, na lista fornecida pelos organizadores do festival, não vinha o contacto dela. Enviei-lhe uma mensagem através das redes sociais num dia à noite.
No outro dia de manhã, tinha uma resposta afirmativa. A partir daí, temos trocado mensagens, e-mails, agradecimentos e elogios mútuos. No ensaio da segunda semifinal, a da cantora da Letónia era uma das atuações que eu mais queria (re)ver, confesso. Teatral e (muito) segura, apesar de sozinha em palco, mostra que é uma cantora das grandes. Não sei se passa mais logo mas eu gostava muito que passasse.
Outra das intérpretes que mais me entusiasmam na edição deste ano é Lea Sirk, a (outra) cantora de cabelo cor de rosa, representante da Eslovénia. Apesar de ser uma das mulheres mais sexy da edição deste ano, confessou-me no outro dia que já foi gorda e que é mãe de dois filhos, que estão com ela em Lisboa. “Acordam muito cedo. Não me deixam dormir”, queixa-se. Além de “Hvala, Ne!”, a minha terceira canção favorita, é disso que gosto mais nela.
A forma descontraída e quase desbragada com que fala dela, da vida e até do tema que defende, que compôs em 10 minutos é incrível. “A sério que gostam mesmo? A mim, cansa-me. Há uma parte no meio que é um bocado chata”, admitiu mesmo na conferência de imprensa a que assisti. Em palco, apresenta-se com energia e com (muita) garra. Está longe de figurar nos primeiros lugares das listas das casas de apostas mas eu aposto nela.
Tabus, caixões, tempestades de neve e chamas em palco
Apesar de ter achado as canções da primeira semifinal mais fortes, esta segunda gala também tem atuações fabulosas, como é o caso da de Alexander Rybak da Noruega, com uma estética em palco a lembrar a de “Heroes” de Mans Zelmerlow da vizinha Suécia em 2015, da do viquingue dinamarquês Rasmussen e da do sueco Benjamin Ingrosso, que executa uma das melhores coreografias da edição deste ano.
“Taboo” da maltesa Christabelle é outro dos momentos altos desta segunda semifinal. O (novo) hino que alerta para a problemática das doenças mentais também foi recebido com muito entusiasmo na Altice Arena, tal como a atuação dos DoReDos, da Moldávia. Há quem considere que, com “My Lucky Day”, têm a atuação mais divertida da edição deste ano do eurofestival. Eu acho-os uma piroseira mas desejo-lhes sorte.
Foi outro dos mais aplaudidos e tem uma das atuações mais cénicas da segunda semifinal: MELOVIN, representante da Ucrânica, começa a cantar “Under The Ladder” dentro de um caixão, deitado sobre uma tábua que depois o eleva. A seguir, desce umas escadas, corre pelo palco e acaba a tocar piano rodeado por labaredas. É (mais) um dos momentos de fogo de artifício que o Festival Eurovisão da Canção também é.
O sentimento, esse, está (também) muito presente na atuação dos Ethno-Jazz Band Iriao da Geórgia. A interpretação é irrepreensível, as vozes são das melhores desta edição e a harmonização vocal resulta em pleno. Tal como os intérpretes da Polónia, Gromee e Lukas Meijer, querem fazer história neste eurofestival. Não é garantido que passem mas acho que “Light Me Up” pode bem ser um dos hits orelhudos deste verão.
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