Foi já no segundo encore que muitos dos 55 mil espectadores fizeram um sorriso incrédulo ao ouvirem os primeiros acordes de "Creep", música do álbum de estreia dos Radiohead, de 1993, e que estava há muito tempo arreada das anteriores digressões do grupo.
Havia gente emocionada e dezenas com telemóveis erguidos não só a registar esse momento, mas também aqueles em que os Radiohead interpretaram "Karma Police", "Paranoid Android" e "Street Spirit (Fade out)", todos de álbuns editados antes do fim do milénio.
Para a nova digressão, a banda já tinha admitido que ensaiou mais de meia centena de canções, de modo a poder escolher alinhamentos distintos.
Abriram o concerto com temas novos, entre os quais "Burn the witch" e "Daydreaming", e percorreram praticamente toda a discografia, com destaque para a prestação do guitarrista Jonny Greenwood.
Contrastaram o rock mais distorcido dos primeiros tempos com a sonoridade mais experimental dos registos mais recente e tiveram tempo ainda de por à prova o mais fanático dos espectadores, tocando, por exemplo, "Talk show host", um lado-B dos anos 1990.
Horas antes, no palco dos Radiohead os australianos Tame Impala mostraram o álbum "Currents" e que ditou uma toada psicadélica, mas mais dançante, do repertório anterior. A atuação teve direito a confettis e raparigas a despirem camisolas e soutiens na plateia, para espanto do vocalista, Kevin Parker.
Num dia em que o hip hop português também reinou, a tenda Heineken assistiu, entre outros concertos, à estreia lisboeta do músico norte-americano J. Tillman, a destilar sexualidade no papel de Father John Misty e a interpretar canções como "I Love You, Honeybear" e "Bored in the USA". Apesar de ter dito que não tinha muito jeito para gerir multidões em festivais, foi recebido com histeria e devoção.
O segundo dia do festival Alive, cujo bilhetes esgotaram ainda na primavera muito por conta dos Radiohead, só termina pelas 04:00, já madrugada de sábado, depois ainda das atuações de Rocky Marsiano, Hot Chip e do DJ A boy Named Sue.
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