Em março do ano passado, Steven Spielberg disse ao apresentador Stephen Colbert: "Fiz cerca de 34 filmes. Não vou dizer quais para além do 'E.T.', mas há cinco ou seis filmes que consigo ver outra vez, mas não costumo fazer isso".

O cineasta também garante que nunca revelará qual dos seus filmes é o 'favorito', mas revelou qual é que acha ser o 'melhor' que fez.

Entre "Tubarão", "Encontros Imediatos do Terceiro Grau", "E.T.", "Parque Jurássico" ou a saga "Indiana Jones, já se sabia que um filme tinha um significado pessoal muito especial para o realizador e também um lugar na história do cinema e dos Óscares: agora, ele diz que "A Lista de Schindler" é mesmo o título que está em primeiro lugar no percurso artístico.

"É o melhor filme que já fiz. Não vou dizer que é o melhor filme que farei. Mas atualmente é o trabalho do qual mais me orgulho", disse o cineasta num especial da revista The Hollywood Reporter que juntou vários testemunhos para uma história oral do filme a festejar os 30 anos da estreia e que o juntou com Liam Neeson, que interpretou Oskar Schindler, o empresário alemão que salvou 1200 judeus dos nazis durante a Segunda Guerra Mundial.

"A Lista de Schindler" (1993)

Após o filme de 1993 que ganhou sete Óscares, incluindo o de Melhor Filme e Realização, houve um dilúvio de filmes sobre o Holocausto, com destaque para "A Vida é Bela" (1998), "O Pianista" (2002) e "O Filho de Saul" (2015).

Spielberg destaca outro bem mais recente, na corrida a cinco Óscares na cerimónia de 10 de março, e a sua importância numa altura em que volta a crescer o anti-semitismo e a negação do Holocausto.

"'A Zona de Interesse' é o melhor filme do Holocausto que testemunhei desde o meu. Está a fazer um trabalho muito bom na consciencialização, especialmente sobre a banalidade do mal", elogiou.

"Desde 2016, o anti-semitismo juntou-se ao racismo, à xenofobia, à homofobia e a todas estas doenças e dores culturais que pairam no ar ao nível dos olhos. Acho que veio para ficar - e acho que é bom que tenha vindo para ficar. Toda a gente quer que desapareça porque é desconfortável lidar com isso. Precisa ser desconfortável, porque a única maneira de encontrarmos uma solução para a forma como as pessoas tratam os judeus é fazer com que isso sempre faça parte do debate", disse.