Uma jovem coelha embarca numa viagem para escavar a toca dos seus sonhos, apesar de não ter a mínima ideia do que está a fazer. Em vez de assumir as suas fragilidades aos vizinhos, mete-se cada vez mais em apuros e acaba a bater no fundo e a perceber que não há vergonha em pedir ajuda.
É esta a premissa de "Burrow", a nova curta-metragem dos estúdios Pixar, inicialmente planeada para estrear em cinema em conjunto com o filme "Soul", mas que, tal como a longa-metragem e devido ao contexto de pandemia, passou a ter lançamento direto no Disney+ a 25 de dezembro.
"Burrow" é lançada na série de curtas-metragens animadas "Sparkshorts" do serviço de streaming, que dá também nome a um programa dos estúdios Pixar cujo objetivo é dar oportunidade a novos realizadores de explorar sem barreiras a sua criatividade na animação.
"O programa Sparkshorts é pensado para descobrir novos contadores de histórias, explorar novas técnicas narrativas e experimentar com novos fluxos de produção. Estes filmes são diferentes de tudo o que já fizemos na Pixar, dando uma oportunidade para desbloquear o potencial de artistas individuais e as suas abordagens inventivas à realização numa escala mais pequena do que é normal para nós", diz Jim Morris, o Presidente da Pixar Animation Studios no site oficial do programa "Sparkshorts".
"Burrow" é realizada por Madeline Sharafian que, já na Pixar, trabalhou no filme "Coco", que agora esteve ao leme desta curta-metragem e que conversou com o SAPO Mag sobre esta história atribulada de uma coelha à procura da toca perfeita.
É fácil perceber porque é que a protagonista da curta é uma coelha, já que a alcunha de infância de Madeline era precisamente "rabbit": "Eu tenho dentes muito grandes, mas pela altura em que andava no jardim de infância, estava a saltar na cama, caí e parti os dois dentes da frente. Eram dentes de leite, mas parti os dois dentes da frente. Mas no mesmo ano os dentes definitivos começaram a crescer e eram enormes e gloriosos."
"Essa alcunha ficou comigo desde então. Ainda tenho uma pulseira que diz 'rabbit'", explicou a cineasta.
O desenho da coelha de "Burrow" vai buscar duas inspirações: a boca do Sapo Cocas e a própria Madeline. "Ela é baseada no Cocas e em mim mas quis que os animadores a fizessem parecer feia e esquisita, se fosse preciso, para conseguir a expressão facial que fosse engraçada, e que não se preocupassem em não ser muito parecida com os modelos", sublinha a realizadora.
"Burrow" é a terceira curta da série "Sparkshorts" em animação 2D, um estilo que não é o que estamos habituados a ver da Pixar, com o seu portefólio extenso de filmes em animação 3D, como a saga "Toy Story", "À Procura de Nemo", "Up-Altamente" ou "Coco", entre outros.
Madeline sabia desde o início que a sua curta precisava de ser em animação tradicional: "queria ter uma grande quantidade de cenários e saltar para dentro da casa das pessoas. Não há verdadeiramente uma forma de fazer isso em animação por computador. Consigo desenhar em dois dias algo que tem mais detalhes do que alguma coisa que demoraria quatro a seis meses a modelar por computador e a fazer com que se parecesse exatamente aquilo que queria".
"Também queria dar a mim própria uma certa rede de segurança. Tendo trabalhado em 2D antes queria poder meter as mãos na massa e ajudar a fazer as coisas progredirem", acrescentou.
Num ano em que estivemos todos na toca, tal como a coelha de "Burrow", também a sua realizadora se sentiu um isolada num espaço fechado. Mas tal como a protagonista da curta, também Madeline precisou de se ligar a amigos para ultrapassar 2020. "Ao fazer esta curta e ao tentar viver o tema [de assumir que todos precisamos de ajuda dos outros], percebi que a minha vida melhora quando contacto as pessoas, vejo como elas estão e pergunto se precisam de alguma coisa. E tive amigos que me ajudaram a passar este período. Se o meu colega de casa não está e me sinto sozinha eles ligam-me todos os dias. Senti-me mais ligada aos meus amigos este ano do que em anos anteriores", confessou Madeline.
"Burrow" chega ao Disney+ a 25 de dezembro.
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