O papel de Selina Kyle / Catwoman em "The Batman" é o maior da carreira de Zoë Kravitz e o sucesso de bilheteira da estreia do filme deverá colocá-la firmemente na primeira divisão das estrelas de Hollywood.

Mas o encontro com o vigilante de Gotham City poderia ter acontecido há 10 anos.

Numa entrevista ao jornal britânico The Guardian, a filha do músico Lenny Kravitz e da atriz Lisa Bonet recorda-se que a mãe a aconselhou a encarar "rejeição como proteção" na carreira, "mesmo que isso seja por vezes difícil de ver na altura".

Mas uma das rejeições destaca-se e não foi esquecida: a oportunidade de fazer o "casting" para um papel em "O Cavaleiro das Trevas Renasce", o derradeira capítulo de 2012 da trilogia sobre Batman do realizador Christopher Nolan.

A justificação: era demasiado "urbana". Tradução: era demasiado "negra" (o eufemismo, aplicado tanto a afro-americanos como latinos, surgiu em meados dos anos 1960 nos EUA, quando surgiu uma migração de caucasianos da classe média para os subúrbios, transformando algumas cidades do interior em guetos para pessoas de pele escura).

Segundo o The Guardian, Zoë Kravitz tem o cuidado de não colocar em causa da reputação de um "realizador premiado".

"Não sei se isso veio diretamente de Chris Nolan. Acho que foi provavelmente algum tipo de diretor de casting, ou um assistente do diretor de casting. Ser uma mulher de cor e ser um ator e ouvir naquela altura que não podia fazer um teste por causa da cor da minha pele, e a palavra 'urbana' ser atirada daquela forma, foi isso que realmente foi complicado sobre esse momento", recordou.

Algumas interpretações destas declarações foram no sentido de que se a atriz tentou concorrer ao papel de Selina Kyle que viria a ser interpretado por Anne Hathaway, mas isso nunca é referido na entrevista ao The Guardian.