Os ministros da Cultura, Graça Fonseca, e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, apresentaram hoje, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, o Plano Indicativo da Ação Cultural Externa para 2022 e fizeram um balanço do programa no ano passado.

Os objetivos estratégicos do programa dividem-se em seis dimensões: valorização do património; valorização da língua; participação em eventos internacionais, que Augusto Santos Silva sublinhou ser uma “poderosa alavanca para a internacionalização dos artistas”; promoção das indústrias criativas; promoção da combinação entre cultura e turismo; e valorização das comunidades portuguesas residentes no estrangeiro.

“Estas dimensões declinam-se em 2022 num conjunto de prioridades: É o que acontece com as atividades em torno do 5 de maio, que desde há três anos é considerado pela UNESCO o Dia Mundial da Língua Portuguesa”, afirmou o ministro.

Ao todo, estão previstas 102 iniciativas a decorrer em 54 países de todo o mundo.

Augusto Santos Silva destacou também as comemorações do quinto centenário da circum-navegação, que têm 20 iniciativas planeadas em 18 países, e a Temporada Cruzada Portugal- França, que será inaugurada no sábado, em Paris, e depois em Portugal.

Sobre a temporada, o governante recordou que estão em marcha mais de 200 projetos, 75 dos quais cruzados, e 480 atividades, envolvendo 800 entidades portuguesas e francesas, com uma programação que envolve espetáculos, exposições, encontros, concertos, conferências, gastronomia, e ainda dois fóruns europeus, sobre os Oceanos e a Igualdade de Género.

A abertura oficial com o concerto “La Mer”, da pianista Maria João Pires, acompanhada pela Orquestra Gulbenkian na Filarmónica de Paris, em França, a 12 de fevereiro, e a posterior abertura em Portugal, a 16 de fevereiro, com a exposição “Gérard Fromanger. O Esplendor”, no Museu Coleção Berardo - Fundação Centro Cultural de Belém, foram também evocados na apresentação.

Outra das prioridades apontada pelo ministro foi a “comemoração de dois centenários do nascimento de dois dos grandes escritores portugueses do século XX, José Saramago e Agustina Bessa Luís”.

Entre as 185 iniciativas planeadas em 59 países, em parceria com a Fundação José Saramago, conta-se uma exposição subordinada ao tema “José Saramago: Voltar aos passos que foram dados”, um encontro de cátedras José Saramago em Lisboa, em junho, a edição especial de obras de Saramago, numa parceria com a Porto Editora, ou um programa de cinema temático.

Ainda no âmbito do centenário do nascimento de José Saramago, está prevista a apresentação em Espanha da peça “Ensaio sobre a Cegueira”, pelo Teatro Nacional de São João, com encenação de Nuno Cardoso e coprodução do Teatre Nacional de Catalunya.

Serão também reconstruídos os roteiros percorridos pelo escritor, e descritos na obra homónima, por autores contemporâneos convidados, o primeiro dos quais será José Luís Peixoto.

O projeto pretende dar a conhecer os territórios por onde Saramago passou e onde se inspirou, mas também promover Portugal como destino literário.

Durante o ano será lançada uma plataforma digital – “Viagem a Portugal Revisited” – com os itinerários da obra e os conteúdos dos locais revisitados pelos autores convidados.

A participação de Portugal como país convidado ou como país tema em feiras internacionais do livro, como a Feira do Livro de Leipzig, em março, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no Brasil, e a Feira Internacional do Livro de Lima, no Peru, estas duas últimas em julho, foi também destacada por Augusto Santos Silva.

“Também os programas de financiamento em contínuo de internacionalização da nossa cultura continuarão ao longo de 2022, de que destaco a linha de apoio à tradução e edição, que tem permitido desde que foi criada, a edição de mais de uma centena de obras portuguesas em dezenas de línguas, em dezenas de países”, apontou o ministro.

Em jeito de balanço daquilo que se fez em 2021, no âmbito da internacionalização da cultura, a ministra Graça Fonseca começou por recordar ter sido um ano “atípico” e “muito difícil, à semelhança de 2020”.

A governante disse que sempre se procurou que as atividades previstas fossem o mínimo possível perturbadas e se realizassem dentro das condições em que pudessem ser realizadas.

No final, Graça Fonseca sublinhou que a cultura é uma “área central para a diplomacia e que este programa de ação cultural externa tem demonstrado algo fundamental: que a projeção e afirmação do país faz-se não apenas pela economia, que é muito importante, mas também por aquilo que é a cultura, a arte dos artistas e a forma como nós nos projetamos”.