A autarca falava na reunião plenária da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), que decorreu por videoconferência, na terça-feira, no âmbito da discussão de uma petição para dar o nome do ator a uma rua da cidade.

Na sequência da petição, a comissão permanente de Cultura e Educação da AML elaborou uma recomendação para que a autarquia da capital, em colaboração com o município de Loures, “assinale a morte de Bruno Candé e a condenação de crimes de motivação racista através da intervenção permanente em espaço público” num dos concelhos.

O documento foi aprovado por unanimidade e pretende que a iniciativa conte com “a participação de estudantes, com destaque para os do 1.º ciclo do ensino básico”.

Na recomendação, os deputados municipais notam que “não estão reunidas as condições regulamentares para proceder à sua homenagem na toponímia da cidade de Lisboa”, que prevê que decorram cinco anos desde a morte da pessoa homenageada.

Realçam, porém, “a necessidade de se promover uma ampla frente de combate ao racismo e a todas as formas de discriminação, que deve ter como primeiro plano a ação educativa no âmbito de todos os graus de ensino”.

A vereadora Paula Marques, responsável pelo pelouro do Desenvolvimento Local, adiantou que, independentemente da união dos dois municípios, já tinha sido decidido que uma das ações a tomar nos 10 anos do programa BIP/ZIP (Bairros e Zonas de Intervenção Prioritária) - no qual Bruno Candé também trabalhou - seria a criação de um mural em homenagem ao ator.

“Seja na zona de Marvila, no Bairro do Condado, onde trabalhou com a população, seja no Parque das Nações onde vivia”, acrescentou.

Paula Marques (Cidadãos por Lisboa, eleita na lista do PS) disse que a homenagem está a ser preparada com a população, não adiantando mais pormenores.

O Ministério Público acusou Evaristo Marinho por homicídio qualificado de Bruno Candé, baleado na Avenida de Moscavide, no concelho de Loures, a 25 de julho de 2020, crime que é agravado por ter sido motivado por ódio racial.

Segundo o despacho do Ministério Público, a que a agência Lusa teve acesso em janeiro, Evaristo Marinho, de 76 anos, afirmou durante uma discussão com a vítima, em 22 de junho de 2020, entre outros impropérios: “Vai para a tua terra, preto! Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!”.

O arguido, que prestou serviço militar em Angola, entre 1966 e 1968, encontra-se em prisão preventiva a aguardar julgamento.

Bruno Candé tinha 39 anos e era ator da companhia de teatro Casa Conveniente desde 2010, tendo também participado em telenovelas.