Este ano, o MEXE vai passar em simultâneo, durante duas semanas, por dez espaços do Porto, Viseu e Lisboa, concretizando “o desejo de agir e pensar localmente”, refere a organização em comunicado.

O encontro, que se propõe a criar novos espaços de discussão para as preocupações e desafios que marcam as comunidades, apresenta hoje a sua programação num cartaz “onde a arte dialoga com a tecnologia e o pensamento científico”.

A ideia é perspetivar "as comunidades para além do humano, aprofundado outras relações possíveis com a natureza e procurando construir espaço de afirmação para invisibilidades que refletem desigualdades sociais, agravadas pela pandemia [da COVID-19]”, afirma a organização.

De 18 de setembro a 3 de outubro, o MEXE conta com mais de 100 participantes de seis países que ocuparão Porto, Viseu e Lisboa com espetáculos, conversas, oficinas, laboratórios de criação, instalações e cinema.

Em comunicado, a organização do MEXE destaca a peça "Paisajes para no colorear" que, diretamente do Chile, se constrói a partir de relatos de atos de violência contra adolescentes do sexo feminino na América Latina.

“O espetáculo dá corpo a histórias que partilham a vulnerabilidade do que é ser mulher, menor de idade, nestas geografias, colocando a tónica no feminino”, refere, acrescentando que, além das apresentações no Porto e em Viseu, a companhia La Re-sentida vai também orientar uma oficina de descoberta performativa para jovens portuguesas.

O projeto instalativo “Unearthing queer ecologies”, da americana Amy Reid, é outra das apostas da 6.ª edição do MEXE, que, através da biologia e tecnologia, questiona “a forma dualista com que os humanos percecionam a natureza”.

Já no âmbito nacional, o MEXE conta com o trabalho “Classe de Jaime”, em torno das danças tradicionais da Serra de Aire e Candeeiros, num “exercício fundamental de memória” que convoca para a composição de temas como o género, erotismo e peso.

Também o projeto “Manifestações”, do Teatro do Frio, assente no desenvolvimento de ações com moradores do Porto, vai ter lugar no MEXE, à semelhança de “Altamira 2042”, de Gabriela Carneiro da Cunha, “Sabor Visceral do Futuro”, do Coletivo BOCA, “Laboratório dos Riscos Impossíveis”, do Centro Cultural das Fontaínhas, e a atuação da 'rapper' Mynda Guevara.

A par do palco físico, o MEXE vai integrar também iniciativas online, como a “Máquina de Ruído”, de Bruno Kowalski, e a oficina “Herbanário Anticolonial”, de Rastros de Diógenes.

O evento conta ainda com uma mostra de cinema de seis filmes sobre organizações e projetos que se centram nas práticas artísticas participativas e comunitárias.

Durante a 6.ª edição do MEXE, será também apresentado o livro “Práticas Artísticas Comunitárias, Participação e Política”, de Hugo Cruz, e, em simultâneo, decorrerá a 4.ª edição do Encontro Internacional de Reflexão sobre Práticas Artísticas Comunitárias (EIRPAC), onde oito instituições do ensino vão refletir sobre "O Risco Contemporâneo".