O saudosismo e o revivalismo marcaram a primeira semifinal do Festival Eurovisão da Canção de 2022, na passada terça-feira. Na segunda, esta noite, predominam a espetacularidade e a exuberância. A Finlândia, representada pelos The Rasmus, é o primeiro país a subir ao palco. O figurino do vocalista, que surge em palco com penas nos cabelos e acaba a atuação em tronco nu, é um dos pontos fortes da performance. O preto e o amarelo são as cores que predominam.

Israel é o país que segue. Michael Ben David é um dos intérpretes mais extravagantes da edição deste ano e não deixa os seus créditos por mãos alheias. Integralmente de branco, é acompanhado por quatro bailarinos. Nos momentos em que dança e canta em simultâneo, a voz perde alguma força, mas a atuação não se ressente. Apesar de figurar atualmente nos últimos lugares da lista elaborada pelas principais casas de apostas, "I.M" pode conseguir o apuramento esta noite.

Michael Ben David
créditos: Michael Ben David, representante de Israel, fotografado por Andres Putting

Depois de um grande momento televisivo, segue-se outro que promete surpreender. Konstrakta, que representa a Sérvia nesta edição do festival, interpreta "In corpore sano" sentada com uma bacia à frente enquanto vai lavando as mãos. Por detrás dela, são projetados cravos. Os efeitos luminosos são dos melhores desta semifinal. É uma das fortes candidatas a transitar para a final de sábado, podendo mesmo acabar a noite na lista dos 10 países mais votados.

A aposta forte nas encenações

O Azerbaijão também aposta num cenário artístico para dar vida à balada "Fade to black". Nadir Rustamli começa a cantar sentado numa bancada metálica, que no fim se separa. A dada altura, deita-se, levanta-se, sobe e desce escadas. Um bailarino vai-lhe imitando os gestos. A canção é forte, a voz possante e a encenação surpreendente. O apuramento não está garantido mas a atuação pode conquistar os votos dos que só hoje é que vão ouvir as canções em competição este ano.

Nadir Rustamli
créditos: A atuação de Nadir Rustamli fotografada por Corinne Cumming

A seguir, o palco enche-se de coloridas bocas. Circus Mircus, o grupo formado por ex-artistas de circo que a pandemia pôs no desemprego, representa a Geórgia com "Lock me in". Apesar da atuação irreverente, os georgianos não deverão transitar para a gala final. Emma Muscat, a artista seguinte, também não. A maltesa começa a atuação a tocar piano mas, depois, sobe para cima do instrumento para exibir a voz e o vestido dourado. Acaba no lugar do palco onde Maro cantou.

Achille Lauro, cantor, compositor e rapper, representa São Marino com "Stripper" e, com ele, regressam as estruturas metálicas imponentes, os figurinos extravagantes e as coreografias provocadoras. O rock pesado é acompanhado por gestos sensuais, plumas e transparências. Em palco, além de duas jaulas metálicas, surge, a dada altura, um touro mecânico vermelho. Entretenimento puro para uma atuação feérica que, ainda assim, não lhe garante o apuramento para sábado.

Figurinos marcantes e fogo de artifício

Para a apresentação da Austrália, o país seguinte, há uma nova estrutura a invadir o palco. Duas escadas gigantes que vão mudando de disposição durante a atuação de Sheldon Riley, que enverga um fato branco com uma cauda que contrasta com o fundo negro e sóbrio. O cantor australiano de ascendência filipina canta com uma máscara metálica a cobrir-lhe o rosto mas, nos momentos finais, retira-a. O apuramento de "Not the same" é praticamente garantido.

Sheldon Riley
créditos: , representante da Austrália, fotografado por Nathan Reinds

O Chipre também aposta numa estrutura em palco que surpreende pelo design. Andromache, que nasceu na Alemanha mas cresceu na Grécia, representa o país com "Ela". Acompanhada por duas bailarinas, tira partido de um jogo de luzes, projeções e sombras que valoriza a interpretação. Deverá conseguir o passaporte para a final, ao contrário da concorrente seguinte, Brooke. A representante da Irlanda tem uma das mais fracas atuações da noite. Nem o (muito) fogo de artifício a salva.

Andrea, a representante da Macedónia do Norte que esteve em vias de ser desclassificada por ter deitado a bandeira do seu país ao chão, tem uma das performances mais sóbrias do espetáculo. A meio da atuação, elevam-se duas estruturas metálicas. Nelas, são, depois, projetadas mãos. Um complemento visual que em nada beneficia a apresentação da artista. Ocupa atualmente um dos últimos lugares no ranking das principais casas de apostas. Não transita para sábado.

O período menos extravagante

Stefan, representante da Estónia, é o décimo-segundo a subir ao palco, com "Hope". O apuramento é uma forte possibilidade, apesar da performance não ser das mais memoráveis. O mesmo não se pode dizer da do cantor, compositor e bailarino WRS, que canta em inglês e em espanhol. O representante da Roménia foi um dos mais aplaudidos quando subiu ao palco no último ensaio geral, à semelhança do que também já tinha sucedido com a portuguesa Maro. É um bom presságio.

É com o som de água a correr que se inicia a atuação da Polónia, representada por Ochman com "River". Apesar de ter vindo a perder alguma força nas últimas semanas, o neto do reputado tenor Wieslaw Ochman, que viveu grande parte da vida nos Estados Unidos da América, tem o apuramento mais do que garantido. A sobriedade em palco contrasta com a voz profunda e possante, que valoriza uma canção (muito) emotiva. É acompanhado por quatro bailarinos, vestidos de negro.

Vladana
créditos: Vladana, representante do Montenegro, fotografada por Andres Putting

Fã da portuguesa Vânia Fernandes, Vladana também elegeu o espaço do palco onde Maro atuou para interpretar "Breathe". O fundo da interpretação da cantora montenegrina é dos mais belos da noite e o vestido comprido com um círculo de luzes acoplado também tem sido muito elogiado. As probabilidades de conquistar o passaporte para a final de sábado são, todavia, bastante reduzidas. Com a Bélgica, o país que se segue, representado por Jérémie Makiese, acontece o mesmo.

As últimas surpresas da noite

Assim que foi apresentada, a canção da Suécia tornou-se, de imediato, numa das preferidas dos que acompanham todas as diferentes fases do eurofestival mas, nas últimas semanas, perdeu algum terreno. À semelhança de outros artistas, Cornelia Jakobs começa a interpretar "Hold me closer" sentada no chão. O apuramento é mais do que certo mas, vocalmente, o derradeiro ensaio não lhe correu pelo melhor. O fogo de artifício final não acrescenta nada de novo à atuação.

A República Checa, o último país a tentar conquistar o passaporte para a final, é representado pelo trio We Are Domi. Com uma parafernália de equipamento em palco, que no ensaio demorou mais tempo a montar do que o previsto, obrigando a uma pequena interrupção do espetáculo, os intérpretes de "Lights off" brindam os (tel)espectadores com uma das atuações mais enérgicas e dançáveis da noite. É deles o melhor jogo de luzes da edição deste ano. A final está a um (pequeno) passo.

Chanel
créditos: Chanel, a representante espanhola, fotografada por Corinne Cumming

Com o apuramento garantido desde o início, Espanha e o Reino Unido revelam, esta noite, excertos das impressionantes atuações que prepararam. A espanhola Chanel confirma o favoritismo de "SloMo" com uma performance irrepreensível a todos os níveis. O britânico Sam Ryder, que interpreta "Space man" numa estrutura metálica futurista, também surpreende. A Alemanha, representada por Malik Harris, divide opiniões. Outro dos pontos altos da noite é o dueto de Laura Pausini e Mika.

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