Em mais um contraste com a principal advogada de Amber Heard, que se desdobrou em entrevistas no dia a seguir ao veredito que condenou a atriz por difamação, os representantes de Johnny Depp fizeram o percurso mediático esta quarta-feira, exatamente uma semana depois.

E sem surpresa, os agora muito mediáticos Ben Chew e principalmente Camille Vasquez passaram pelos programas matinais "Today" e "Good Morning America", além do canal "Law and Crime", com uma versão muito diferente da que foi apresentada na semana anterior pela advogada Elaine Bredehoft.

Após um julgamento intenso por difamação, que incluiu acusações polémicas de agressão sexual e violência doméstica, o júri composto por cinco homens e duas mulheres sentenciou Amber Heard por difamação, condenando-a a pagar 10 milhões de dólares em danos compensatórios e cinco milhões em danos punitivos (valor que a juíza reduziu para 350 mil dólares, o limite para danos punitivos na Virgínia). A atriz também terá direito uma indemnização de dois milhões de dólares por ter considerado que ficou provado ter sido difamada pelo advogado de Depp.

Salientando que o ator recebeu o veredito com alívio e um sorriso que não se via há seis anos e que o que estava em causa era recuperar a reputação, os seus advogados garantem que a "ligação com o júri" foi decisiva contra a ex-mulher.

"A chave para a vitória foi focar nos factos e nos indícios e na oportunidade de Johnny falar a verdade pela primeira vez. Foram seis anos à espera e acho que ele foi capaz de se ligar com o júri e o público em geral e contar o que realmente aconteceu", disse no Good Morning America Camille Vasquez, que foi recompensada pela vitória com a promoção a sócia da sua firma na terça-feira.

A advogada explicou que as próprias palavras da atriz fizeram parte da estratégia: "Algo em que nos focámos no contra-interrogatório foi usar as palavras dela contra ela. Foi muito importante para nós que cada pergunta que fosse feita estivesse ligada a algo que ela disse anteriormente. E acho que o júri e o mundo teve a oportunidade de ver e ouvir a senhora Heard sobre essa relação em todos os tópicos".

Ben Chew acrescentou: "A minha impressão é que teve muito a ver com responsabilidade. O Johnny assumiu os seus problemas, foi muito sincero sobre os seus problemas com álcool e drogas, foi sincero sobre alguns textos infelizes que escreveu, e penso que foi um grande contraste com a senhora Heard, que não parecia... ou, pelo menos, o júri pode ter percebido que ela não se responsabilizou por nada”, acrescentou.

"Existia um contraste a sério. O Johnny assumiu imensas coisas [...] Ela tinha uma resposta para tudo e não assumiu a responsabilidade por nada. Acho que isso fez diferença", destacou ao advogado mais à frente.

Lamentando a desvalorização que tem sido feita do trabalho das sete pessoas do júri pelos representantes de Amber Heard e vários ativistas, os advogados de Johnny Depp rejeitaram que o veredito seja um retrocesso para os direitos das mulheres, focando-se no caso concreto.

"É dececionante. Estamos a falar apenas sobre o que aconteceu neste caso e os factos neste caso foram extremamente positivos para o Johnny. E o veredito fala por si", disse Vasquez.

Perante a insistência no contexto mais amplo do impacto do veredito no movimento #MeToo, a advogada reforçou a posição: "Encorajamos todas as vítimas a apresentarem-se, a terem o seu dia em tribunal, que foi exatamente o que aconteceu neste caso. A violência doméstica não tem género".

O impacto no veredito das redes sociais, desproporcional a favor do ator, também foi desmentido pelos advogados, que recordaram que os jurados foram instruídos todos os dias para se manterem afastados e assumiram os seus deveres no julgamento com seriedade.

"Esta foi uma decisão tomada por um júri baseada em provas de ambos os lados, e foi esmagadoramente a favor do senhor Johnny", disse Chew no Good Morning America.

AS ENTREVISTAS.