Passada a temporada oscarizada, surge entre nós a despretensão (ou não) da quarta variação da popular linha de brinquedos, que reúne miúdos e graúdos para milésimas aventuras na construção didática.

Com Phil Lord e Christopher Miller fora no cargo de direção, o tom pós-modernista em “O Filme LEGO 2” é amenizado, concentrando assim um filme animado mais carismático para uma vasta gama de audiências.

As temáticas de individualismo (que soavam como cinismo num filme baseado numa marca absolutamente globalizada) são aqui substituídas por um "wannabe" das inúmeras animações, carregada de temas familiares, de companheirismo e coletividade (facada no primeiro filme). A tendência é criar empatia, nem que com isso repesque os acordes já prescritos dos seus rivais de mercado (há que dizer que cada vez parece um primo caro de “Toy Story”).

“O Filme LEGO 2” é isso mesmo, o qual se adivinhava a léguas, um escapismo a servir de auxílio às propostas infanto-juvenis dos nossos cartazes. Falta-lhe o toque de autocrítica, aqui prevalecido numa imensidão de "gags" corriqueiros e numa maior dependência ao inventário da Warner Bros (“a Marvel não atende o telefone”, possivelmente a mais conseguida piada da produção). E essa ligeireza, não no tom propriamente dito, mas na astúcia que o sucesso 2014 afirmava de maneira invejável, é tida em consideração pelas próprias distribuidoras nacionais.

Até porque “O Filme Lego 2” chega aos nossos cinemas exclusivamente em versão dobrada, o que de certa forma distorce os possíveis trocadilhos e "timings" certos que são pontuados estes produtos. Uma dessas “piadas sem contexto” no nosso panorama, é a homenagem / "cameo" da juíza do supremo tribunal norte-americano, Ruth Bader Ginsburg. Completamente ao lado.

O resto é futilidade e aquela sensação de ausência de criatividade e originalidade. Para mercado ver.

"O Filme LEGO 2": nos cinemas a 27 de fevereiro.

Crítica: Hugo Gomes

Trailer: