A HISTÓRIA: Maria, uma militar destemida, e TS – 347, um homem com força sobrenatural, estão a ser perseguidos por um grupo de militares responsáveis por experiências científicas que resultaram em um apocalipse zombie. No caminho, vão encontrar Pedro, um homem com poucas ambições e uma grande ressaca. Juntos, os três tentam sobreviver e procuram um lugar seguro, longe dos militares que os perseguem e de uma ameaça em forma de bomba nuclear.

"Mutant Blast" está disponível em video-on-demand.


Crítica: Daniel Antero

Quem seguiu "Troma Rija" na Sic Radical cresceu a assistir a criaturas mutantes, jorros de sangue, desmembramentos, humor alucinado e uma paixão incrível pelos efeitos práticos, maquilhagem "over-the-top", argumentos tontos e produção "low-budget".

Eram filmes da Troma Entertainment, gerida pelos irreverentes Lloyd Kaufman e Michael Herz, messias das películas série B a Z, que para além de terem criado algumas das personagens mais radioativas e nojentas que há memória, alavancou carreiras de figuras como James Gunn (realizador de "Guardiões da Galáxia") ou Trey Parker e Matt Stone (criadores de "South Park").

Agora, depois de "Papa Wrestling" e "Banana Motherfucker", curtas gloriosamente sangrentas, que já figuram como obras de culto no nicho do gore, chegou a vez do português Fernando Alle contar com o apoio dos criadores da Tromaville: o realizador agarrou-se com unhas e dentes e do coração fez tripas para criar a sua primeira longa-metragem, "Mutant Blast".

O filme começa com ares de "Exterminador Implacável" e acaba com surrealismo antropomórfico sensacional, discorrendo numa caminhada de salvação feita por um inesperado duo: a soldado Maria (Maria Leite) e o borra-botas Pedro (Pedro Barão Dias), acordado e ressacado no meio de um apocalipse zombie, provocado por bombas nucleares despoletadas por erro.

Enquanto Fernando Alle debita criatividade e evoca os seus heróis, como John Carpenter, Sam Raimi, Peter Jackson ou George Romero, avança com humor sardónico por um argumento de personalidade vincada, que ironiza e, ao mesmo tempo, assume a cultura "trash".

Por aqui, não há espaço para a expressão “é tão mau que é bom”. Não, aqui tudo é gloriosamente divertido e disparatado, com tendência para terminar num caos sangrento, de cabeças perfuradas e esmagadas, entranhas deglutidas e regurgitadas, a um ritmo exagerado e magnífico.

O subterfúgio é a radioatividade provocada pela explosão nuclear, onde o realizador dá tudo, alimentando as suas consequências: a mão de Pedro transforma-se num rato fofo e assassino; Maria ganha uma terceira orelha; um pato mutante torna-se no jantar; um rato gigante ordenha leite ácido; e uma lagosta francesa, poeta e eloquente, tem um ódio feroz e hilariante por golfinhos samurais.

Com efeitos práticos fantásticos, uma banda sonora que projeta o espectador rapidamente para os anos 80, personagens "campy" e algum humor piroso, "Mutant Blast" é a melhor escolha para este confinamento provocado pela COVID-19. É fazer uma videochamada, juntar os amigos e delirar com esta loucura...

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